Ler, além de conhecimento, é aprender a refletir
Para ser livre, o indivíduo deve estar engajado com o conhecimento.
Conhecimento implica, principalmente, em fundamento teórico e embasamento científico, o que possibilita aliar teorias e práticas e permitir ao indivíduo uma consciência crítica e condições de questionar e investigar a realidade.
Desde a infância, o indivíduo deve ser estimulado a ler bons livros! É triste comprovar que as crianças de famílias mais pobres estão em desvantagem. Segundo pesquisas, a ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização) informa que 27,6% de crianças de famílias mais pobres possuem nível suficiente de alfabetização em escrita, contra 93,11% das crianças de famílias com mais recursos.
Por que o acesso a cultura é um privilégio de poucos?
No Brasil, o condicionamento cultural mantém a maior parte da população distante dos recursos reconhecidos como necessários para o seu desenvolvimento…. Por que o acesso à cultura é um privilégio de poucos? São muitos os motivos, pelos quais as crianças não são estimuladas a ler livros, e aqui citamos alguns:
- A família, pela herança cultural, não está preparada para lhe dar embasamento e estímulo.
- Pouco ou nenhum contato com pessoas que desperte e oriente para algum tipo de literatura.
- O professor, na escola, nem sempre está suficientemente motivado para dizer a criança que crescer também é aprender a ler coisas com que se identifiquem, da realidade à ficção: jornal, romance, artigos científicos etc.
- A televisão apresenta os seus modelos prontos, não havendo lugar para a imaginação. Assim, o telespectador se entrega a uma postura cômoda, fácil e viciosa, tolhendo a si próprio muito daquilo que possibilite a criatividade.
A TV não se iguala ao jornal, a revista, ao livro, pois uma coisa é ler e aprender a refletir, a outra é empregar a visão e audição, separadamente, para captar a mensagem passivamente, sem tempo para formular juízos, porque a mensagem é tão rápida e envolvente, que surge, impregna e desaparece num passe de mágica, focalizando no vídeo apenas o detalhe e não o contexto dos acontecimentos.
A escola e a televisão poderiam ser os melhores caminhos. Mas de que forma? Se as escolas das crianças pobres se fecham nesse sentido e a televisão só transmite sensações e não conscientizações.
Encontrar exemplos de beleza e bom gosto literário
O comparecimento da criança a escola, na sua grande parte é carregado de desinteresse. O interesse poderia ser um motivo compensatório para o cansaço e desmotivação, mas quem lhe despertará esse interesse? O professor, figura designada para este fim, também está imbuído de imparcialidade e aplica métodos instituídos que não condizem com a realidade da criança. O professor deveria estar consciente para promover mudanças nesse sentido. Criar dentro da sala de aula um lugar para leitura, com material literário que “toque” as crianças, promover visitas a bibliotecas e divulgá-las, mostrar às crianças que a falta de recurso financeiro não é o principal impeditivo.
O nosso maior problema não está condicionado ao processo econômico, mas principalmente ao processo sócio cultural e educativo.
Com o progresso tecnológico, a instituição pode fazer um trabalho divulgando e promovendo a boa literatura no sentido de desenvolver a sensibilidade e a individualidade do jovem, tornando-o mais engajado. Não é a tecnologia que leva o homem ao desinteresse e sim a má utilização desses recursos, a acomodação e o posicionamento acrítico.
Desejamos que o hábito da leitura seja uma constante na sua vida, aprendendo a ler bons e variados autores, onde possa encontrar exemplos de beleza e bom gosto literário, preenchimento de momentos vazios e ganho de autoestima, cultura e pensamento crítico.
Graça Bogéa Especialista em Inteligência Comportamental de Pessoas e Organizações Soluções Geradoras de Alta Performance